Como não poderia ser diferente, os temas político-sociais são recorrentes. No entanto, uma temática pouco comentada na obra de Sérgio aparece aqui: o campo. A presença sutil da paisagem rural, em figuras como Desidério e  Pirilampo, fazem cruzar as ideias de um carioca urbano com um marilhense do interior. Assim imprime-se o compadre Sérgio Ricardo, um generoso idealista preocupado com o outro, o companheiro trabalhador, o pobre favelado, o rude camponês, o artista de rua. Em forma de resistência, nota-se que o samba e o malandro invocam o apreço pela cultura popular, algo que nunca deixou de ser suprimento para a obra do autor. Citações a Portinari, Carlos Drummond, Glauber Rocha, Federico García Lorca, Víctor Jara e Oduvaldo Vianna Filho demonstram suas referências. Aos amantes, classicamente, o autor dedica versos de paixão e idílio, ainda que paliando frustrações.

Canção Calada não apresenta letras sem música, como supostamente poderia apontar o título. Mas para compreender o som destas palavras talvez seja necessário uma leitura profunda de um eu que escreve calado, que se inspira com as mais variadas musas e que não receia o risco.

Ao leitor interessado pela personalidade de um poeta, esta obra certamente irá apresentar todos os poetas que existem em Sérgio Ricardo.